Nos EUA, povos indígenas ganham o direito de vetar objetos expostos em museus

  • 02/02/2024
Uma lei federal, que não era aplicada porque tinha brechas, prevê que o consentimento dos povos nativos é obrigatório para qualquer exposição e pesquisas sobre seus itens culturais nos Estados Unidos. Regulamentação nova está impondo mudanças nos acervos dos museus dos Estados Unidos Uma regulamentação nova está impondo mudanças nos acervos dos museus dos Estados Unidos. Vitrines cobertas com papel. Um biombo bloqueia a entrada de duas salas. Os cartazes dizem que elas estão fechadas. O que ficava ali, agora, só pode ser visto em imagens de arquivo. São objetos de povos nativos dos Estados Unidos, parte de um acervo que inclui itens sagrados e até restos mortais. Representantes indígenas não querem isso em museus. “Eu me sinto como todos deveriam se sentir se você vai a um lugar onde seus ancestrais estão, retidos em uma instituição. É desumano, muito desrespeitoso”. A Sunshine Thomas-Bear é responsável pela preservação histórica do povo winnebago e trabalha pela repatriação de restos mortais e outros pertences. O Museu Americano de História Natural, em Nova York, um dos mais conhecidos e importantes do mundo, explicou que as salas fechadas eram vestígios de um período em que museus como ele não respeitavam valores, perspectivas e a humanidade de povos indígenas. O museu afirmou ainda que a medida é uma oportunidade para aprender e avançar, e que ela reflete a urgência crescente de todos os museus mudarem suas relações com as culturas indígenas. A retirada dos objetos foi determinada por uma lei federal. Ela prevê que o consentimento dos povos nativos é obrigatório para qualquer exposição e pesquisas sobre seus itens culturais nos Estados Unidos. A Lei de Proteção e Repatriação de Túmulos de Nativos Americanos foi aprovada em 1990, mas não era aplicada porque tinha brechas. A advogada Shannon O’Loughlin representa a Associação de Assuntos Indígenas Americanos. Ela explica que uma nova regulamentação, que entrou em vigor janeiro de 2024, finalmente detalhou as medidas que os museus já deveriam ter adotado nos últimos 30 anos. Nos Estados Unidos, existem 574 nações nativas reconhecidas. O prazo para o repatriamento dos restos mortais e objetos funerários vai até 2029. O museu da Universidade da Pensilvânia já começou o trabalho com mais de 130 povos indígenas. Isso viabilizou exposições, pesquisas e o início da repatriação de restos mortais e objetos do patrimônio cultural para suas origens. A diretora de coleções, Laura Stanton, afirma que foi preciso investir. “Sabíamos que as mudanças viriam e estamos planejando isso há muito tempo para sermos capazes de alocar tempo e recursos da equipe para trabalhar em colaboração com os povos nativos”, diz. Shannon acredita que esta colaboração vai melhorar a qualidade das informações sobre os acervos, e também sobre os povos indígenas e a importância deles para o país. “Eles já foram considerados selvagens, inferiores. É hora de mudar isso e ver como todos nós contribuímos para a nossa sociedade, a nossa cultura. Estou feliz em ver que esses museus estão cobrindo exposições, porque isso permite ao público investigar mais sobre essas questões”, afirma a advogada Shannon O’Loughlin. Sunshine concorda: “É mais um passo para conseguir o respeito e o reconhecimento que as nações indígenas sempre deveriam ter tido”, afirma.

FONTE: https://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2024/02/02/nos-eua-povos-indigenas-ganham-o-direito-de-vetar-objetos-expostos-em-museus.ghtml


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